quinta-feira, agosto 03, 2006

Cabinda, 1972

Xikuala, xikuala

Hoje, ao passear à beira-mar, e perante um grupo de andinos que por ali têm negócio de fim de tarde e noite montado no paredão da praia, lembrei-me, palavra puxa palavra, a propósito de estaturas, milénios de alimentação, plantas especiais e outros «discorreres» das palavras, daquele guia que nos levava floresta virgem adentro em segurança e pelos fiotes (veredas estreitíssimas que só eles, de lá, conheciam). E lembrei-me da sua «pastilha elástica» preferida que andava sempre a mascar: xikuala. Muita xikuala. Uma simples casca de árvore que há a rodos na floresta.
À chegada, nenhum de nós sabia do que se tratava. Mas depois fomos percebendo. Era, nem mais nem menos, do que «pau-de-cabinda». Dito de outro modo: excitante. Sexual e não só. Claro que, para o velho guia (mais de 70 anos, segundo dava para perceber), ali no meio da floresta com 30 jovens, era uma fonte de energia e nada mais.


... Conversa de hoje, à beira-mar.
Palavra puxa palavra e eis-nos a divagar sobre os usos e abusos, por transformação química, de outras plantas: desde logo a papoila (certas papoilas, claro), o cânhamo, canabis, coca... Plantas que, afinal, o Homem usa há milénios - mas sem o efeito reforçado pela indústria química e sem ols excessos reforçados pelo negócio que injecta, insiste, facilita, oferece oportunidades...


Cabinda, 1972
Xikuala, xikuala.

Bato-te a pala, velho guia. Levaste-nos sempre para bem longe do MPLA, como te pedíamos de cada vez que saíamos do Bata-Sano (o morro onde estava o quartel)...

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